segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Balada do Esplanada

Ontem à noite

Eu procurei

Ver se aprendia

Como é que se fazia

Uma balada

Antes de ir

Pro meu hotel.

É que este

Coração

Já se cansou

De viver só

E quer então

Morar contigo

No Esplanada.


Eu queria

Poder

Encher

Este papel

De versos lindos

É tão distinto

Ser menestrel

No futuro

As gerações

Que passariam

Diriam

É o hotel

É o hotel

Do menestrel


Pra me inspirar

Abro a janela

Como um jornal

Vou fazer

A balada

Do Esplanada

E ficar sendo

O menestrel

De meu hotel


Mas não há, poesia

Num hotel

Mesmo sendo

'Splanada

Ou Grand-Hotel

Há poesia

Na dor

Na flor

No beija-flor

No elevador


Oswald de Andrade (1890 - 1954)

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