sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Afra

Ressurges dos mistérios da luxúria,
Afra, tentada pelos verdes pomos,
Entre os silvos magnéticos e os gnomos
Maravilhosos da paixão purpúrea.

Carne explosiva em pólvora e fúria
e desejos pagãos, por entre gnomos
a virgindade - casquinantes momos
Ruído da carne já votada à incúria.

Votada cedo ao lânguido abandono,
Aos mórbidos delíquios como ao sono,
Do gozo haurindo os venenosos sucos,

Sonho-te a deusa das lascivas pompas,
A proclamar, impávida por trompas,
Amores mais estéreis que os eunucos.

Cruz e Sousa (1861 - 1898)

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