Que dirás esta noite, ó alma abandonada,
Que dirás, coração, deserto e murcho outrora,
À muito bela, à muito boa, à muito amada,
Cujos olhos te fazem reflorir agora?
- Que nosso orgulho apenas cante em seu louvor:
Nada se iguala à sua doce autoridade,
À carne estérea deu-lhe um Anjo seu frescor,
E seu olhar nos banha em branda claridade.
Seja na noite ou na mais funda solidão,
Seja na rua ou na difusa multidão,
Seu fantasma se agita no ar como uma flama.
Às vezes diz: "Sou bela, e ordeno como dona:
Pelo amor que me tens, o Belo apenas ama;
Sou teu Anjo guardião, sou Musa e sou Madona."
Charles Baudelaire (1821 - 1867)
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