quarta-feira, 2 de abril de 2008

A morte dos amantes

Vamos ter leitos de sutis odores,
Divãs que às fundas tumbas são iguais,
E sobre a mesa as mais estranhas flores,
Brotando para nós no azul em paz.

Ambos queimando os últimos ardores,
Meu coração e o teu, flamas sensuais,
Refletirão em dobro as suas cores
Em nossas almas, dois gêmeos cristais.
Por uma tarde mística e envolvente,

Trocaram um só lampejo ardente,
Como o soluço em cada adeus contido;
Pouco depois um Anjo, abrindo as portas,
Há de avivar, alegre e enternecido,
Os cristais já sem brilho e as chamas mortas.

Charles Baudelaire (1821 - 1867)

Nenhum comentário: