Um te ilumina com ardor,
O outro te enluta, Natura!
O que diz a um: Sepultura!
Ao outro diz: Vida e esplendor!
Hermes que oculto me conquista!
E para sempre me intimidas,
Tu me fazes igual a Midas,
O mais triste dos alquimistas;
Por ti do ouro o ferro improviso
E torno inferno o paraíso;
Roubando às nuvens seu sudário,
Um corpo querido amortalho,
E às margens do celeste estuário
Grandes sarcófagos entalho.
Charles Baudelaire (1821 - 1867)
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