Se eu pudesse, diria eternamente
Aos flagelados e desiludidos,
Que sobre a Terra os grandes bens perdidos
São a posse da luz resplancente.
A dor mais rude, a mágoa mais pungente,
Os soluços, os prantos, os gemidos
Entre as almas são louros repartidos
Muito longe da Terra impenitente.
Oh! se eu pudesse, iria em altos brados
Libertar corações escravizados
Sob o guante de enigmas profundos!
Mas, dizei-lhes, ó vós que estais na Terra,
Que a luz espiritual da dor encerra
A ventura imortal de outros mundos!
Antero de Quental (1842 - 1891)
Nenhum comentário:
Postar um comentário