ADEUS - Ai criança ingrata!
Pois tu me disseste - adeus -?
Loucura! melhor seria
Separar a terra e os céus.
- Adeus - palavra sombria!
De uma alma gelada e fria
És a derradeira flor.
- Adeus! - miséria! mentira
De um seio que não suspira,
De um coração sem amor.
Ai, Senhor! A rola agreste
Morre se o par lhe faltou.
O raio que abrasa o cedro
A parasita abrasou.
O astro namora o orvalho:
- Um é a estrela do galho,
- Outro o orvalho da amplidão
Mas, à luz do sol nascente,
Morre a estrela - no poente!
O orvalho - morre no chão!
Nunca as neblinas do vale
Souberam dizer-se - adeus -
Se unidas partem da terra,
Perdem-se unidas nos céus.
A onda expira na plaga.. .
Porém vem logo outra vaga
P'ra morrer da mesma dor ...
- Adeus - palavra sombria!
Não digas - adeus -, Maria!
Ou não me fales de amor!
Castro Alves (1847 - 1871)
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
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