sábado, 13 de setembro de 2008

Ó Céus! Que Sinto Nalma!

Ó céus! Que sinto nalma! Que tormento!
Que repentino frenesi me anseia!
Que veneno a ferver de veia em veia
Me gasta a vida, me desfaz o alento!

Tal era, doce amada, o meu lamento;
Eis que esse deus, que em prantos se recreia,
Me diz: - ¨A que se expõe quem não receia
Contemplar Ursulina um só momento!

¨Insano! Eu bem te vi dentre a luz pura
De seus olhos travessos, e co´ um tiro
Puni tua sacrílega loucura:

De morte, por piedade hoje te firo;
Vai pois, vai merecer na sepultura
A tua linda ingrata algum suspiro.

Bocage (1765- 1805)


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