terça-feira, 10 de março de 2009

Aspiração Suprema

Como os cegos e os nus pede um abrigo 
A alma que vive a tiritar de frio. 
Lembra um arbusto frágil e sombrio 
Que necessita do bom sol amigo.

Tem ais de dor de trêmulo mendigo 
Oscilante, sonâmbulo, erradio. 
É como um tênue, cristalino fio 
D'estrelas, como etéreo e louro trigo.

E a alma aspira o celestial orvalho, 
Aspira o céu, o límpido agasalho, 
sonha, deseja e anseia a luz do Oriente...

Tudo ela inflama de um estranho beijo. 
E este Anseio, este Sonho, este Desejo 
Enche as Esferas soluçantemente. 

Cruz e Sousa (1861 - 1898)

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