terça-feira, 31 de março de 2009

Mors-Amor

Esse negro corcel, cujas passadas
Escuto em sonhos, quando a sombra desce, 
E, passando a galope, me aparece
Da noite nas fantásticas estradas,

Donde vem ele? Que regiões sagradas
E terríveis cruzou, que assim parece
Tenebroso e sublime, e lhe estremece
Não sei que horror nas crinas agitadas?

Um cavaleiro de expressão potente, 
Formidável, mas plácido, no porte, 
Vestido de armadura reluzente,

Cavalga a fera estranha sem temor:
E o corcel negro diz: "Eu sou a morte!"
Responde o cavaleiro: "Eu sou o Amor!"

Antero de Quental (1842 - 1891)

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