sábado, 3 de janeiro de 2009

Anseios

Meu doido coração aonde vais,
No teu imenso anseio de liberdade?
Toma cautela com a realidade;
Meu pobre coração olha que cais!

Deixa-te estar quietinho! Não amais
A doce quietação da soledade?
Tuas lindas quimeras irreais,
Não valem o prazer duma saudade!

Tu chamas ao meu seio, negra prisão!
Ai, vê lá bem, ó doido coração,
Não te deslumbres o brilho do luar!...

Não 'stendas tuas asas para o longe...
Deixa-te estar quietinho, triste monge,
Na paz da tua cela, a soluçar...

Florbela Espanca (1894 - 1930)

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá Zelão, tudo bem?
Estou sempre a passar por aqui... Estive lendo algumas poesias no "arquivo do blog". Ótimas escolhas! Bem, desejo um ano com muita saúde para você e sua família. Um abraço,
Luís César.