segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Esses versos te dou...

Estes versos te dou para que, se algum dia,
Feliz chegar meu nome às épocas futuras
E lá fizer sonhar as humanas criaturas,
Nau que um esplêndido aquilão ampara e guia,

Tua memória, irmã das fábulas obscuras,
Canse o leitor com pertinaz monotonia,
E presa por grilhão de mística energia
Suspensa permaneça em minhas rimas puras;

Maldita que, do céu infindo ao mais profundo
Abismo, a mim somente escutas neste mundo!
- Ó tu que, como sombra de existência fátua,

Pisas de leve, sem que aqui jamais te afronte
Nenhum mortal que te suponha amarga, estátua
De olhos de jade, grande anjo de brônzea fronte!

Charles Baudelaire (1821 - 1867)

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