segunda-feira, 6 de abril de 2009

Alma Fatigada

Nem dormir nem morrer na fria Eternidade! 
Mas repousar um pouco e repousar um tanto, 
Os olhos enxugar das convulsões do pranto, 
Enxugar e sentir a ideal serenidade.

A graça do consolo e da tranqüilidade 
De um céu de carinhoso e perfumado encanto, 
Mas sem nenhum carnal e mórbido quebranto, 
Sem o tédio senil da vã perpetuidade.

Um sonho lirial d'estrelas desoladas 
Onde as almas febris, exaustas, fatigadas 
Possam se recordar e repousar tranqüilas!

Um descanso de Amor, de celestes miragens, 
Onde eu goze outra luz de místicas paisagens 
E nunca mais pressinta o remexer de argilas! 

Cruz e Sousa (1861 - 1898)

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