quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Soneto

A cada canto um grande conselheiro, 
Que nos quer governar cabana, e vinha,
Não sabem governar sua cozinha, 
E podem governar o mundo inteiro. 

Em cada porta um freqüentado olheiro, 
Que a vida do vizinho, e da vizinha 
Pesquisa, escuta, espreita, e esquadrinha,
Para a levar à Praça, e ao Terreiro. 

Muitos Mulatos desavergonhados, 
Trazidos pelos pés os homens nobres, 
Posta nas palmas toda a picardia. 

Estupendas usuras nos mercados, 
Todos, os que não furtam, muito pobres,
E eis aqui a cidade da Bahia.

Gregório de Matos (1623 - 1696)

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